16.11.04

Vatatoon, o palhaço preto

‘Se o Moreira de Sá e o Sammy Davis Jr copulassem, nascería sempre um artista’
Férenc 23.11

Este atleta de elite foi um dos grandes ícones da equipa do Colombo dos anos 80. Amado e idolatrado tanto pelos seus incontestáveis dotes futebolísticos como pela arte circense que espalhava por esses relvados, fazia de cada Domingo, um verdadeiro carnaval de Torres.

Vata, franzino, de pose esguía e maleável, era a imagem da pluralidade com que o futebol português presenteava o País. Embaixador do seu continente, mostrava que África era muito mais que o Vale da Amoreira e mao de obra não qualificada na construção civil. Era fantasia, espontaneidade e muito, muito humor. Avançado de estilo repentino (de repente tocava na bola, de repente não; de repente estava de pé, de repente não), ingressou no corso do Colombo para deixar a marca de toda a sua pouca felinidade e muito boa disposição. Chegou juntamente com Miranda, um verdadeiro humpty-dumpty do miolo do terreno, deixando, ambos, as boas gentes poveiras em prantos e desnorteadas pela perda das referências da sua equipa, o seu Yin e Yan, os bastiões do equilíbrio espiritual e étnico do Varzim. A saída de Vata e Miranda para o Colombo deixou os nobres pescadores poveiros orfãos de pai e mãe, perdidos num mar revolto, sem farol nem bússola, num naufrágio do qual tememos, não mais regressaram. Nem mesmo após a chegada de Mendonça, ‘a locomotiva da Muchima’, uma esperança infelizmente efémera e que nunca provou ser descendente da estirpe dos seus míticos antecessores.

Apesar de ter sido o melhor marcador da primeira divisão no ano dos pobrezinhos, o que não deve constituir um grande motivo de orgulho nem o valoriza em muito, Vata distinguia-se mais pelos pormenores cómicos que espalhava pelos relvados que pelos dotes de goleador: a sua posição fetal antes de cair ao tropeçar numa bola, a forma símia como se encavalitava nos centrais para cabeçar num pontapé de canto, os chutos no ar e os trambolhões de mãos levantadas fingindo cair num buraco, levaram milhares de crianças aos relvados e vários milhões a implorar aos pais que os deixassem ficar de pé para esperar pelo Domingo Desportivo, para ver as diabruras do seu herói e rir ás gargalhadas, bem dispostos para começar uma nova semana de escola.

Vata constituiu um exemplo histórico de um artista que consegue pegar em duas artes e interpretá-las de forma totalmente harmoniosa e complementar, em prol do espectáculo e da diversão das massas.

Mas sem dúvida o seu momento mais brilhante e ousado de uma carreira repleta de tropelías, foi quando numa semi-final da taça dos campeões, contra o Marselha, realiza o seu acto mais visionário no show-bizz futebolístico, um daqueles que diferencia um semi-deus que roça o Olímpo de um comum mortal que apenas o sonha. Um Stan Valckx de um Machairidis, um Douglas de um Jamir, um Balakov de um Uribe. De uma forma harmoniosa e poética, transporta toda a sua alma circense para dentro do campo de futebol, qual saltimbanco da grande área, fazendo, num passe de malabarismo com a sua mão, entrar a bola dentro da baliza do Ol. Marselha. Perante a exaltação geral de uma plateia pouco dada a pormenores regulamentares sempre que fossem a seu favor, Tapie agonizava com o atrevimento do pequeno mariola mas apontava num caderninho tudo o que tinha aprendido naquela noite. Ficou famosa a sua frase, anos mais tarde, quando foi preso foi corrupção: 'Que inveja dos gajos do Benfica.. *'

Ainda hoje Vata é relembrado por todos com um sorriso nos lábios, fazendo parte do imaginário infanto-juvenil do folclore desportivo. Conseguiu como só os maiores conseguem, pela sua audácia e genialidade, ser odiado por uns e... enfim... que outros lhe achassem graça.

* Traduçao por Rui Pataca. Obrigado, Rui!

4 comments:

Anonymous said...

Que grande artigo. O futebol português precisa é de gajos como voçês que saibam transmitir a mística antiga, de um Frasco, um Padrao, um Aparício ou um José Antonio. Bem Hajam. Tou fan

Anonymous said...

Enquanto não falarmos do Cemitério de Elefantes i.e. Vitória de Setúbal de 80 a 90 e poucos, não vamos receber o Nobel, ou Pulitzer(que sa foda, o que eu quero é um stromp - o video daqueles gajos a dançarem e a fazer barulho com latas e vassouras - sou um materialista javardo com um tique voyeurista, tipo aqueles gajos da bancada central do Vitória que se lenatam logo quando há pancada na lateral com a claque de 4 gaijos da Naval).Quero falar do exército de acabados, os Pachecos, Jordões (o junior que agora é pintor),Diamantinos, Ritas Vilas - Boas,sem esquecer o Deus Grego (Edmundo - ou será um dos irmão Dalton, juntamente com o Dito, o Jorge Martins e...o Formosinho).Tenho saudades do Dino e do pescoço inexistente do Yékini, do maior campo de acne do mundo (Hélio).Estas equipas novas, é só putos.Se encontrássemos o Quim na rua a passear com Crisanto, eles falavam-nos, podendo inclusivé pagar-nos uma Sumol.Tenho saudades da 1ª entrevista do Figueiredo, quando admitiu estar nervoso, por não saber falar bem português.Volta Malcolm Allison.Volta Roger Spry.Volta Conhé!!!!!!!1

Anonymous said...

Enquanto não falarmos do Cemitério de Elefantes i.e. Vitória de Setúbal de 80 a 90 e poucos, não vamos receber o Nobel, ou Pulitzer(que sa foda, o que eu quero é um stromp - o video daqueles gajos a dançarem e a fazer barulho com latas e vassouras - sou um materialista javardo com um tique voyeurista, tipo aqueles gajos da bancada central do Vitória que se lenatam logo quando há pancada na lateral com a claque de 4 gaijos da Naval).Quero falar do exército de acabados, os Pachecos, Jordões (o junior que agora é pintor),Diamantinos, Ritas Vilas - Boas,sem esquecer o Deus Grego (Edmundo - ou será um dos irmão Dalton, juntamente com o Dito, o Jorge Martins e...o Formosinho).Tenho saudades do Dino e do pescoço inexistente do Yékini, do maior campo de acne do mundo (Hélio).Estas equipas novas, é só putos.Se encontrássemos o Quim na rua a passear com Crisanto, eles falavam-nos, podendo inclusivé pagar-nos uma Sumol.Tenho saudades da 1ª entrevista do Figueiredo, quando admitiu estar nervoso, por não saber falar bem português.Volta Malcolm Allison.Volta Roger Spry.Volta Conhé!!!!!!!1

Anonymous said...

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