23.11.04

A escala de Maside

‘ O primeiro inventor da pressao alta foi Anthímio de Azevedo’
Férenc 2:10

‘Senhores e senhoras espectadores do topo sul, por questoes de segurança, por favor, desloquem-se para a lateral, pois o Vitoria vai atacar na segunda parte para esse lado’.

Após as solicitaçoes de muitos clubes, da protecçao civil e da intervençao da Procuradoria Geral da República, a FPF viu-se obrigada a tomar esta medida de aviso aos espectadores como precauçao em cada jogo do Vitória de Setúbal e, mais tarde do Sporting.

Tudo porque, a extremo direito jogada o verdadeiro terramoto das bancadas: Rui ‘Richter’ Maside.

‘Richter’ Maside começava o jogo enconstado á linha. ‘ Rui’ dizia-lhe o Mister, ‘poe-te do lado de dentro da linha. É o lado onde estao os outros jogadores todos. Sim, os que estao de pé e equipados como tu’. E ía sempre em frente. Ás vezes passavam-lhe a bola, que se embrulhava nos pés e ficava para trás, mas o Rui continuava a correr. Outras vezes nem lhe passavam a bola, mas o Rui continuava a correr.

Mesmo com a sua quase completa inaptidao para ter a bola nos pés, até se podía dizer que era um extremo perigoso. Perigoso para a integridade física do adversário. Mas os danos eram mínimos pois quando começava a correr os defesas saíam da sua frente e deixavam-lhe o caminho livre. Os defesas e também os fiscais de linhas, os fotógrafos, os apanha-bolas e até o público.

Alguns estádios reforçaram a protecçao das bancadas com barras de aço trazidos directamente da Siderurgia Nacional, para evitar danos na estrutura. Outros estádios já foram construídos usando materiais e tecnologia anti-Maside.

Alvalade e Bonfim, no entanto, adaptaram-se tecnologicamente de modo a conseguir mante-lo mais ou menos dentro do campo sem terem um carro preparado na doca para o trazer ao estádio de cada vez que caía ao rio durante um jogo de futebol: A idéia consistia em revestir os topos do estádio com umas molas almofadadas, para que cada vez que Maside embatesse contra as bancadas fizesse ricochete para trás, mantendo-o sempre em jogo e evitando gastos em portoes novos.

Apesar de todas as críticas que o denominavam de verdadeiro desastre natural, os seus méritos foram reconhecidos pelo Sporting, dando a Rui ‘Richter’ Maside um lugar na nova história do clube, tendo um papel importante na demoliçao do antigo Estádio de Alvalade.

‘Richter’ Maside nao era um artista, um virtuoso, um brinca-na-areia. Era uma força da Natureza, indomável como um Dani depois das 10 da noite, como um Vítor Manuel a dirigir a sua equipa a partir do banco de suplentes, ou um Isidoro a distribuir cartoes. Ainda assim dizem as crónicas que houve um jogo em que conseguiu chutar a bola e fazer um cruzamento. Para as bancadas, mas também nao se pedem milagres. Mas foi só um jogo.

1 comment:

Anonymous said...

Que grande merda era este Rui Maside, fónix!