2.5.06

The best in the… aaah….pfff…hmmm… street?

‘O maior momento de magia no futebol foi a transformação de um secretário num merengue’
Férenc 4.14

No futebol, não é invulgar ouvirmos histórias de guarda-redes de sucesso que foram encontrados por acaso: Porque um colega se magoa no treino e mais ninguém quer ir para a baliza; porque gostava era mesmo de jogar a numero 10, mas os seus pés têm a mesma destreza que um par de covos para polvos e é bom menino demais para ser central; porque é gordo e ocupa metade da baliza; ou simplesmente o dono da bola quer que seja ele o guarda-redes e toda a gente sabe que o poder do dono da bola só é inferior ao do Pinto da Costa. Enfim, as razões para se começar uma carreira na baliza podem ser muitas e na maioria das vezes têm em comum o factor ‘acaso’, a fortuna que os levou para um destino talvez inesperado. Desconheço se o rapazola que se segue, por debaixo da sua careca a meia haste aparadinha nas margens e escondido atrás do seu bigodinho sempre impecavelmente aparadinho, também foi empurrado para a baliza. Apenas sei que não foi por vocação natural. E a grande questão que se coloca é: Denotando uma capacidade entre os postes própria de uma pessegueiro desbastado, a que se deve o seu nome de guerra?

Artur tem pinta de bancário, mas fazia lembrar o Seaman sem rabicho. Carita oval, meio bochechudo, marcava presença pela sua reluzente meia lua e pelo bem cuidado apêndice capilar que repousava serenamente entre a narigota e a boca. Acho que o que sempre me impressionou nele foi precisamente esse surpreendente mas harmonioso contraste entre a superfície nua que unia as sobrancelhas ao cucuruto da cabeça e a farfalhuda bigodaça. E foi esse mesmo contraste que transportou para campo e que, afinal, marcou para sempre a sua aventura no futebol e no imaginário dos adeptos. Falo-vos de Best (E quem neste momento não deixou cair um sorriso - leve que fosse – de saudade, ligue para o 213610460). Ninguém se esquece do Best!

Best é um daqueles nomes marcantes da história do futebol português, conhecido pela magnificamente irónica contradição entre o seu nome e a sua categoria futebolística e por... nada, por mais nada. Best conseguiu a proeza de, com um nome destes, ter sido anos a fio suplente de figuras míticas como Vladan, Pedro Espinha ou Jorge Silva. Para mais, quando finalmente e já veterano (se é que a definição poderá aceitar-se para o seu caso) começa a jogar regularmente no Tirsense e assiste encostado ao poste, à monumental derrocada do clube da 2a divisão de Honra até aos distritais. Coincidência? Não me parece.

Best, mesmo sem ter feito mais de 30 jogos em 7 épocas na primeira divisão, deixou nome no futebol português. Teria sido do bigodinho e da careca, os dois na mesma cabeça? De ter sido anos a fio suplente eterno de guarda-redes que não o Marco Aurélio? Ou pelo élan de um dia ter sido transferido, ainda júnior, do Vitória de Guimarães para o FC Porto, por troca com o Paulinho Cascavel (sim, esse mesmo) num momento verdadeiramente secretariano? Seja por que razão foi, Artur Silva, mesmo mantendo-se na alta-roda do futebol português durante anos a fio, nunca vingou, nem fez juz ao nome. E a origem da sua alcunha, permanece, entre nós, vulgares espectadores, como um insondável mistério. Mas da história de Best um saber retiramos: Antes de Baroni, Mogroviejo, Mitharski ou Kralj, já Pinto da Costa tinha metido umas rennies no bucho…

7 comments:

Diego Armés said...

É inevitável, tenho que saudar duplamente o post: primeiro, simplesmente pela sua existência (isso, só por si, vale a saudação); depois, porque está com pinta.

Férenc Meszaros said...

E eu saudarei duplamente o comentário: Não é todos os dias que se saca uma plavra elogiosa da tua parte. Só isso merece a saudação dupla.

Diego Armés said...

Sim, há quem diga que eu tenho um feitio difícil. Especialmente se estou com fome, o que acontece com frequência.

Anonymous said...

Bem, eu vim cá dar através do Ogre e curti à brava vários posts. Parabéns.

melga mike said...

eu não curti à brava, mas curti largo e tótil

mago said...

Excelente blog. Só é pena que nos últimos tempos os posts não sejam tão regulares, mas vale a pena ler os posts antigos para esboçar sorrisos com memórias também elas antigas.
Parabéns e continua, com a frequência que for possível.

Anonymous said...

Excelente post caro Meszáros sobre esse magistral ás das redes nacionais. Queria apenas avisar-te que creio que te terás equivocado quando afirmaste que o Best foi suplente do Jorge Silva. Ora o Jorge Silva chegou ao Salgueiros a meio da temporada 95/96 proveniente do Futebol Clube do Porto e o Best saiu do Salgueiros no final da temporada 94/95 para o Leça. Se assim é isso significa que o Best não pode ter sido suplente do Jorge Silva, visto que nem sequer foram colegas de equipa.