2.12.05

O Espírito Pré-Natal

‘Pai, quando formos á craia, cagas-me um gelado?’
Mito do menino que trocava os ‘C’s’ pelos ‘P’s’


Nos últimos tempos, os posts do Meszaros têm sido apenas ocasionais e sem a regularidade que desejava. A razão, vou-a revelar:

Quiçás embriagado por um espírito pré-natalício e influenciado positivamente pela moda da solidariedade na qual o futebol adoptou, aqui o Meszaros acha que não é menos do que o Vítor Baía nem que o Figo.

Não, não quero fugir abrir uma fundação nem fugir aos impostos. Quero também sentir o poder do futebol em contrapartidas concretas para as famílias mais desprotegidas e que vão para além das famílias Paixão e Benquerença; Quero sentir que sou uma figura sensível, solidária e socialmente interessada. Enfim, quero que todos pensem que sou boa pessoa e dar uma boa imagem de mim a toda a gente, sem que para isso tenha que me enfiar numa jardineiras ridículas e fazer carinha de acólito simplório de uma paróquia de Amarante.

Por isso, meti-me num bote dos chocos que pedi emprestado ao Aparício e desci pelo mar abaixo, até dar a voltinha, subir um bocadito e encalhar a fateixa ao largo de Moçambique. O meu objectivo: Encontrar o Ali Hassan e dar-lhe uns trocos para o homem finalmente poder dar aos filhos o gelado que não pôde comprar enquanto jogava no Sporting, porque o Bigodes não lhe pagava o ordenado. A sua entrevista aos jornais, na qual quase chorava por não poder satisfazer um desejo tão simples dos seus filhos, comoveu-me. Existem dramas que não se esquecem. E eu, diante deste ex-quase-unha-de-leão, deste sabugo de Alvalade, estendo-lhe a mão e digo-lhe: ‘Ali, compra-lhes um de duas bolas’.